quarta-feira, 16 de outubro de 2013

GOVERNO

Estrutura Governamental 
No topo do Império Selêucida estava o basileus, o rei. Este era apoiado por seu conselho, composto por altos funcionários civis e militares e seus amigos. A estrutura regional de governo era encabeçada pelos sátrapas, governadores provinciais, que eram responsáveis pela coleta de impostos e pelo recrutamento militar. Estes eram ou nobres regionais significativos ou amigos do rei. Comparado com o período aquemênida, o número de vinte satrápias (províncias) aumentou significativamente (relata-se que no tempo de Seleuco I já haviam 72 satrápias). Devido a vastidão de seus domínios, o rei se valia de lugares-tenentes ou vice-reis que ficavam em Sardes na Ásia Menor e em Selêucia no Tigre. Tendo a sua disposição autoridade, poder e recursos, esses vice-reis representavam uma ameaça ao rei, razão pela qual apenas parentes ou particularmente amigos merecedores foram colocados nesta posição.
Moeda com a efígie de Bagadates, primeiro sátrapa não greco-macedônio, a ser nomeado
 pelos Selêucidas, era rei-sacerdote de Istakhr, centro da religião de Zaratustra na província de
Persis, antigo lar dos reis aquemênidas
Os territórios individuais do Império Selêucida eram governados de forma diversificada dependendo das necessidades vislumbradas pelo governo central. Em primeiro lugar, havia o Estado selêucida real, composto e diretamente gerido pela burocracia real e pelos sátrapas nomeados pelo rei e sua corte. Em segundo lugar, havia outros territórios dentro das satrápias, que gozavam de autonomia interna. Estes incluíam as cidades greco-macedônicas, vários templos estatais e príncipes regionais. Deve se assinalar, que os Selêucidas foram os mais prolíferos fundadores de cidades dos estados helenísticos. Especialmente nas cidades da Ásia Menor se atribuiu grande importância a independência formal e isto se aplica, em menor medida, também para certos lugares na Síria e regiões orientais do império. Os templos estatais na Ásia Menor e do Irã, que representavam grande valor político e sociocultural, foram de fato limitados pelos Selêucidas em tamanho, mas mantiveram a sua autonomia. Alguns príncipes de nacionalidades regionais no Irã ou na Palestina exerciam direitos de soberania, mas foram controlados pela política externa dos Selêucidas. Além da administração direta e as regiões autônomas existiam como uma espécie de terceira categoria “administrativa” alguns países vizinhos do Império Selêucida que estavam formalmente sujeitos a esse: Os reis da Armênia, Média Atropatene, Pártia e Báctria que reconheciam, ainda que temporariamente, a suserania selêucida, sem ter que desistir de sua existência como um Estado separado.
O Império Selêucida e seus vizinhos

A Realeza
 Os reis selêucidas reivindicavam a sua legitimidade de um lado pela pertença à dinastia do fundador, Seleuco I Nicátor, e por outro, pela realeza militar macedônica. O rei selêucida tnha, portanto, que descender de de Seleuco I e ser aclamado pelo exército conforme a tradição do reino da Macedônia, pátria original de Seleuco I. Antíoco I, filho e sucessor de Seleuco I, fomentou o culto ao deus grego Apolo no reino; esse deus era considerado como divino progenitor dos Selêucidas, que por sua vez também eram partícipes a sua divindade. Um culto adicional aos governantes foi introduzido, o que deveria fazer a dinastia “intocável” em todo o império. Além disso, a identidade dinástica dos reis, e assim sua legitimidade, era mantida pelo fato de que quase todos os reis usavam o nome de dois fundadores dinásticos: Antíoco e Seleuco. Antíoco era o nome do pai e do primeiro filho de Seleuco I. O terceiro filho de Antíoco III, e inicialmente fora da linha de sucessão direta, recebeu o nome iraniano de Mitrídates; no entanto, quando de sua ascensão ao trono adotou o nome dinástico de Antíoco (IV). A segunda base da monarquia era a realeza militar macedônica. Do monarca selêucida se esperava que fosse vitorioso na guerra e contava com a aprovação da assembleia do Exército, conforme a tradição militar da realeza macedônica. A maioria dos Selêucidas, portanto, colocavam-se na tradição de Alexandre, o Grande, e tomavam parte ativa no combate. Os dois princípios de legitimidade dinástica e aclamação pelo exército também poderiam se contradizer: Em 220 a.C. os soldados na Ásia Menor aclamaram Aqueu, seu bem-sucedido general, em oposição ao rei Antíoco III, descendente direto de Seleuco I.
File:Ai-Khanoum-gold stater of Antiochos1.jpg
Moeda de Antíoco I com sua efígie e a representação do deus Apolo, padroeiro dos Selêucidas
O filho mais velho do rei geralmente atuava como corregente com seu pai (a quem eventualmente sucederia) para evitar um vácuo de poder em uma mudança posterior de governante. O rei nomeava seus filhos para postos estratégicos do império, como sátrapas, governadores-gerais ou vice-reis. Assim, a dinastia se fazia presente nas satrápias e melhor podia controlá-las. Aos príncipes selêucidas também eram atribuídas posições militares e comando de operações bélicas secundárias. Mesmo se eles fossem ainda muito inexperientes, eles recebiam pelo menos um comando nominal, para que eles pudessem crescer gradualmente dentro e diante do exército do rei posteriormente. A política de casamento dos Selêucidas foi importante para suas relações com o seu próprio povo e os poderes vizinhos. Seleuco I já tinha se casado com a princesa iraniana Apame, o que fez com que ele e seus descendentes tivessem o apoio da população local. Antíoco III, mantendo a tradição, casou-se com Laodice, princesa do reino helenístico do Ponto cuja dinastia reinante era de origem iraniana. Os casamentos tinham uma grande função política: eram celebrados para fechar alianças com os potentados vizinhos ou para selar acordos de paz. Os Selêucidas se casaram várias vezes com membros da nobreza de pequenos principados asiáticos. Os casamentos com os Lágidas (ou Ptolomeus, a dinastia reinante no Egito fundada por Ptolomeu I) eram arriscados, pois devido ao permanente conflito entre o Egito e o Império Selêucida por causa das terras sírias, eles pouco poderiam assegurar nas disputas entre as duas potências. 
Os Selêucidas também se casavam entre si: Laodice, a filha de Antíoco III, casou-se sucessivamente seus três irmãos. Porém, esse tipo de casamento era uma exceção ao costume geral selêucida ao contrário do Egito ptolomaico onde a endogamia era a regra.O problema central da dinastia selêucida foram as lutas internas: Os jovens príncipes eram empregados como vice-reis para integrá-los na liderança do reino e usar sua energia em prol da dinastia. Mas muitas vezes eles se tornavam após a morte de seu pai uma ameaça aos seus irmãos mais velhos (os virtuais herdeiros do trono). Em quase todas as gerações de Selêucidas houve disputas sobre a sucessão. Essas disputas enfraqueceram o poder central e fizeram com que satrápias se emancipassem. Especialmente nas últimas três gerações a luta dentro da dinastia ocorreu de tal forma que as forças restantes do império estavam exaustas. O ensejo para a intervenção romana que capitulou definitivamente o reino selêucida foi justamente uma disputa pela sucessão do trono entre os primos Antíoco XIII e Filipe II. Sobre este ponto, os selêucidas claramente diferenciaram-se dos Atálidas de Pérgamo que lograram êxito com sua unidade familiar. 

Política Interna 
A relação entre o rei selêucida e seus súditos variava de região para região. As áreas autônomas geralmente pagavam tributo e aceitavam o estabelecimento de guarnições militares, mas isso dependia também da situação política do momento, se em tempos de tranquilidade ou de crise, quando a monarquia aliviava ou apertava seu jugo. A capacidade de liderança dos reis também era vital: Uma vez que um governante medíocre subia ao trono na Síria, isso provocava forças facciosas e a perda de territórios. Não obstante, os reis selêucidas se viam como os verdadeiros governantes do mundo. Mas, o “mundo” que governavam era composto por povos com cosmovisões diferentes. Nos centros religiosos, como a Babilônia, os reis selêucidas assumiam funções e titularia sagradas para aumentar a assimilação dessas áreas ao império. Em contraste com as cidades da Ásia Menor em que tentavam atuar principalmente como benfeitores e protetores para preservar a aparência da igualdade política. Nas satrápias iranianas os selêucidas assumiram a posição dos Aquemênidas como o Grande Rei ou Rei de Reis. Esse papel também permitiu que eles tolerassem a existência de reis regionais dentro do Império, que, todavia, estavam sobre o governo selêucida. Mas, a falta de unidade dentro da dinastia fez com que qualquer esforço para preservar um império vasto e com vários povos diferentes lograsse êxito. Se os próprios membros da família selêucida não conseguiam se unir entre si como conseguiriam unir gregos, persas, judeus, sírios, babilônios, indianos e tantos outros povos que compunham o império? 
Moeda coma efígie de Antíoco XIII Asiático,  um dos últimos reis selêucidas que disputou o
 trono com seu parente Filipe II Filoromano antes da queda definitiva do império

Economia
Tal como aconteceu com todos os impérios europeus e orientais nos tempos antigos, a agricultura também foi a base do sistema econômico selêucida. A grande maioria da população era de camponeses relativamente marginalizados. Geralmente, as terras eram de propriedade do rei, da nobreza regional, das cidades ou dos templos. Os agricultores das aldeias e das terras pertencentes à realeza contribuíam em grande parte para as receitas do reino. Além disso, o rei premiava com terras os indivíduos da administração ou do pessoal militar que merecessem. Era uma espécie de sistema feudal, mas a posse dessas terras não era hereditária, e cessava com a morte dos vassalos do rei, se não fosse concedida aos herdeiros novamente. De especial importância foram as colônias militares (cleruchies), em que os veteranos greco-macedônios foram instalados, e eles eram diretamente subordinados ao rei. Não obstante seus habitantes serem agricultores, elas serviam principalmente como um reservatório para o exército e para o controle de outras nacionalidades.
Tetradracma coma efígie de Seleuco I Nicátor

O volume do comércio no Mediterrâneo foi limitado no tempo dos Selêucidas, mas encontrou alguns bens e serviços dentro e fora de seus Estados clientes. Comércio de longa distância contribuiu para financiar a casa real. Os Selêucidas beneficiaram-se, como os seus antecessores Aquemênidas, de sua posição privilegiada na Rota da Seda e construíram as rotas de transporte e portos. A exportação mais importante do Império Selêucida eram os escravos. Como em seu próprio território, por causa do regime de servidão dos campesinos, era de pouca necessidade a utilização de escravos, os cativos de cidades conquistadas eram vendidos para a Grécia e Itália. As cidades da Síria trabalhavam com jóias de metal (ouro, prata, bronze) e cerâmica especializada e seus produtos eram exportados para o Irã ou para a Grécia. Além disso, da Síria eram oriundos pedreiros e trabalhadores de mosaico contratados por contrato de trabalho na Grécia. Além disso, os artesãos sírios, bem como fenícios fizeram-se na fundição de vidro e na construção naval. As cidades da Mesopotâmia e da Babilônia predominava a produção têxtil. O asfalto para a construção de estradas era proveniente do Mar Morto. Centros de produção de perfume estavam na Ásia Menor e na Mesopotâmia. A cunhagem do Império Selêucida é baseada nas moedas de Alexandre, o Grande , que por sua vez foram baseadas na cunhagem ateniense do peso ático. O principal símbolo do Estado selêucida era a âncora, a qual foi colocada no anverso de moedas retratando Alexandre postumamente, mas antes da emissão de moedas retratando Seleuco I em torno de 306 a.C. Não se sabe ao certo o porquê do uso da âncora. Segundo lendas, Seleuco tinha uma mancha de nascença na perna na forma de uma âncora que seria um sinal dado pelo deus Apolo a mãe de Seleuco de que ele seria seu filho. Assim a âncora ressaltaria a origem divina da dinastia selêucida. Entretanto,se pensa a âncora que evoca a vitória naval de Seleuco I sobre Demétrio Poliorcetes em Rodes em 305 a.C. Essa vitória foi de grande importância para seu estabelecimento político. Nas moedas de Seleuco e sucessores também figuram com frequência elefantes e cavalos com chifres. Os elefantes eram temível força de combate de Seleuco (a ponto dele ser apelidado de elefantarca por Demétrio Poliorcetes) e os chifres o tradicional símbolo de poder e força do Mundo Antigo
Âncora: principal símbolo do poder selêucida

 FONTES:
http://de.wikipedia.org/wiki/Seleukidenreich
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/diadochi_t19.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Bagadates_I
http://www.samuelrunge.com/wp-content/uploads/2012/10/HellenisticWorld.jpg http://en.wikipedia.org/wiki/Apollo http://www.vcoins.com/en/stores/holyland/74/product/laodice_iv_wife_and_sister_of_antiochos_iv_serrate_175__164_bce_nice_coin_/147984/Default.aspx
http://www.livius.org/am-ao/antiochus/antiochus_xiii_asiaticus.html
http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?f=56&t=57558#p492273
http://www.persianempire.info/anchor2.jpg
http://www.antikforever.com/Syrie-Palestine/main_palest.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Seleucid_coinage
http://www.snible.org/coins/hn/syria.html

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