Antíoco I Sóter foi o segundo rei do Império Selêucida o qual governou entre 281 e 261 a.C. Com a morte inesperada de Seleuco I em 281, Antíoco teve diante de si a difícil tarefa de preservar o vasto reino que seu pai lhe deixara. Apesar de vários impasses, esteve à altura do desafio e legou aos seus sucessores o mais vasto reino helenístico do Mundo Antigo.
Moeda com a efígie de Antíoco I Sóter |
Origens e Família
Antíoco era filho do rei Seleuco I Nicátor, militar macedônio e fundador do Império Selêucida, com Apame, nobre sogdiana, filha de Espitamenes, sátrapa aquemênida de Sogdiana. Seleuco acompanhara Alexandre Magno, rei da Macedônia e comandante da confederação grega (Liga de Corinto), em sua campanha contra o Império Aquemênida (persa). Sendo assim, Antíoco era meio iraniano e meio macedônio, oriundo da nobreza iraniana e do respeitado oficialato macedônio.
Seleuco I Nicátor |
Após conquistar o Império Persa, Alexandre celebrou em 324 a.C. na cidade de Susa as chamadas Bodas de Susa, onde praticamente forçou seus oficiais greco-macedônios a se casarem com mulheres oriundas da nobreza dos vários povos do Império Aquemênida. O próprio Alexandre, que já era casado com a nobre bactriana Roxane, casou-se com Estatira, a filha de Dario III Codomano, último rei aquemênida. Como o casamento era um elemento importante nas alianças políticas, as Bodas de Susa foram uma estratégia de Alexandre de unir as elites europeias e asiáticas de seu império.
Ilustração do século XIX, retratando Alexandre e Estatira presidindo as bodas de Susa |
No entanto, após sua morte (323), os oficiais de Alexandre se desfizeram de suas esposas orientais.
Seleuco foi a única exceção conhecida. Manteve-se casado com Apame como sua rainha-consorte (e não como uma concubina) até a morte dela e a honrou fundando cidades com seu nome (Apameia), sendo a principal a da Síria. Os demais reis selêucidas reconheceram a importância de Apame na origem da dinastia dando o nome de Apame a várias de suas filhas e também edificaram várias Apameias ao longo do Império Selêucida. Apame era filha de Espitamenes, nobre sogdiano que ajudara Alexandre Magno a capturar Besso, sátrapa da Báctria que reivindicava o trono do Império Aquemênida. Posteriormente, Espitamenes se revoltou e liderou uma grande revolta contra o governo macedônio que por fim foi esmagada.
Da união de Seleuco com Apame nasceram Antíoco, Laodice, Aqueu e Apame. Antíoco (que recebera o nome do avô paterno, antigo oficial macedônio), recebeu principalmente a educação helênica, mas não menosprezou a cultura iraniana. No momento próprio, ele estava pronto para assumir a regência da porção oriental do Império Selêucida.
Mapa do extremo oriental do império de Alexandre Magno, onde se localizava, ao norte, a Sogdiana, terra natal da mãe de Antíoco I, que hoje é ocupada pelos países do Uzbequistão e Tadjiquistão |
Antes da Batalha de Ipso
Após a morte de Alexandre Magno (323), seu império desintegrou-se em vários principados governados por seus antigos oficiais (conhecidos como Diádocos) que pretendiam dominar uns aos outros ou ao menos manter sua independência. Seleuco, que inicialmente era o comandante da cavalaria (hiparca), ascendera a governador da Babilônia (321), perdendo-a para Antígono Monoftalmo em 316 e reconquistando-a na Guerra Babilônica (312-309). Em 306, estando extinta a linhagem real macedônica e seguindo o exemplo de Antígono e outros diádocos, Seleuco assume o título rei sobre os territórios que governa. Entre 309 e 302, Seleuco reparte a porção mais oriental de seu território com o rei indiano Chandragupta e consolida seu governo sobre o restante. As fontes disponíveis não mencionam Antíoco durante esse período, mas sendo o primogênito de seu pai, certamente o acompanhou em suas diversas lutas para se manter no poder. Seleuco se alia aos reis Ptolomeu I do Egito, Cassandro da Macedônia e Lisímaco da Trácia contra Antígono Monoftalmo que controla a Ásia Menor e Síria e pretende controlar todo o território do império deixado por Alexandre Magno. Os exércitos aliados se encontram perto da aldeia de Ipso na Frígia onde Antíoco tem sua primeira participação relevante nas batalhas do mundo helenístico (301 a.C.).
Seleuco I Nicátor: de chefe da cavalaria macedônia ele se tornou rei da maior parte do que restara do império de Alexamdre Magno |
A Batalha de Ipso
Quando Lisímaco e Pleistarco (irmão de Cassandro) estavam prestes a enfrentar Antígono, Seleuco apareceu com seu exército se posicionando do lado das forças aliadas. Antíoco estava no comando da ala esquerda da cavalaria de Seleuco, tradicionalmente a ala mais fraca no sistema macedônico, destinada apenas à escaramuça. Demétrio Poliorcetes, filho de Antígono, comandava a cavalaria do pai e investiu contra Antíoco que não sendo páreo para esse embate deixou o campo de batalha com a sua ala. Demétrio, empolgado com o sucesso, saiu em perseguição a Antíoco, o que distanciou Demétrio do exército de seu pai deixando-o desprotegido. Parece que a “fuga” de Antíoco fazia parte de uma estratégia de Seleuco para enfraquecer o exército antigônida. Ao tentar retornar, Seleuco lançou seus elefantes contra a cavalaria de Demétrio. Cercado e sem o apoio da cavalaria de Demétrio, o exército de Antígono é derrotado e seu rei tomba morto. Demétrio consegue fugir e parte para a Grécia. Lisímaco, Pleistarco e Seleuco repartem entre si o reino de Antígono. Ptolomeu, que não lutara, mas era um dos aliados reivindica e ocupa a Palestina e a Cele-Síria, que teoricamente pertenciam a Seleuco. Mas, os dois não chegam a se enfrentar por causa dessas terras legando o conflito para seus filhos Ptolomeu II e Antíoco I.
Esquema da batalha de Ipso: Demétrio investe contra Antíoco que foge afastando o filho de Antígono do exército do pai o suficiente para desprotegê-lo. A fuga (?) de Antíoco foi importante para a decisão da batalha |
Refazendo Alianças
Uma constante nas guerras dos Diádocos e seus descendentes (chamados de Epígonos) é a mudança de aliados e a celebração de casamentos entre as dinastias helenísticas. A antiga dinastia real da Macedônia, os Argéadas, havia sido extinta com o assassinato do rei Alexandre IV, filho de Alexandre Magno. As novas dinastias do Mundo Helenístico não eram oriundas da nobreza macedônia, mas eram respeitadas por serem oriundas do oficialato do exército que lutara junto com Alexandre e que após várias guerras conquistaram o direito de serem casas reais. Assim temos: os Antipátridas (descendentes de Antípatro e do rei Cassandro), os Antigônidas (descendentes do rei Antígono I), os Lágidas (descendentes do rei Ptolomeu I) e os Selêucidas (descendentes do rei Seleuco I). Lisímaco, rei da Trácia, morreu sem deixar sua família no poder. As guerras e alianças entre essas dinastias seguiram até o século I a.C. quando o Império Romano termina por conquistar o que sobrara dos reinos helenísticos.
Os reinos helenísticos após a batalha de Ipso (301 a.C.) |
Apesar da derrota em Ipso, Demétrio Poliorcetes controlava a maior parte do Peloponeso e representava uma constante ameaça para os reinos de Cassandro e Lisímaco. Ptolomeu e Seleuco, antigos aliados, começam a se desentender pela posse da Cele-Síria. Assim Cassandro, Lisímaco e Ptolomeu concluíram um tratado (300 a.C.), que foi confirmado por casamentos: As filhas de Ptolomeu, Arsínoe II e Lisandra, foram dadas a Lisímaco e ao filho de Cassandro, Alexandre, respectivamente. Apesar do confronto entre Demétrio e Antíoco em Ipso, Demétrio não representava nenhuma ameaça a Seleuco, mas uma guerra com Ptolomeu, fortalecido com aliança com Lisímaco e Cassandro poderia lhe ser um problema. Então os antigos rivais Seleuco a Demétrio se aliaram (299) e Seleuco se casou com Estratonice, filha de Demétrio, então com cerca de 17 anos e Seleuco com cerca de 60. Provavelmente sua amada rainha, Apama, havia morrido. Estratonice era filha de Fila, irmã do rei Cassandro e filha de Antípatro, o antigo general e regente da Macedônia. De Seleuco, Estratonice teve uma filha, a quem deu o nome da mãe, Fila (II). Fortelecido por essa aliança, Demétrio invadiu a Ásia e tomou as terras de Pleistarco, irmão de Cassandro.
Demétrio Poliorcetes: o rival de Antíoco em Ipso tornou-se seu parente |
Sofrendo de Amor
Segundo nos narra o historiador romano Apiano em suas Guerras Sírias, Antíoco se apaixonou perdidamente pela esposa do pai. Reconhecendo a impertinência e impossibilidade desse amor, o jovem príncipe escondeu seus sentimentos, mas sofreu de tal maneira que adoeceu a ponto de entrar em depressão e ansiar pela morte. O médico da corte, Erasístrato, percebe que a doença do príncipe é de fundo psicológico, já que seu corpo não apresenta sinais de doença. Como Antíoco não confessou ao médico o que tão fortemente o abalava por dentro, Erasístrato passou a observar seu comportamento durante as visitas que recebia e notou que Antíoco recobrava o ânimo quando Estratonice o visitava e voltava a ficar abatido quando se retirava. Ao dizer a Seleuco que Antíoco tinha uma doença incurável, o rei entristeceu-se e chorou fortemente. Erasístrato acrescentou que o mal do príncipe era um amor impossível e que se tratava da esposa do próprio médico. Seleuco, argumentando amizade, favores, a virtude e doença de Antíoco, solicita que Erasístrato passe sua esposa ao príncipe para que possa salvá-lo. Se não o fizesse, Seleuco consideraria isso um desprezo para com ele e seu filho (possivelmente uma velada ameaça de morte). Erasístrato replicou que se fosse a esposa do rei ele não a daria. Seleuco jurou por todos os deuses que daria sim sua esposa já que Antíoco preferira sofrer a cometer alguma coisa contra a esposa de seu pai e que queria ter esse poder de ajudar seu filho. Percebendo a veracidade das palavras do rei, Erasísitrato revela que a verdadeira paixão de Antíoco é por Estratonice. Seleuco ficou muito feliz, pois poderia resolver o problema, embora fosse uma questão difícil convencer seu filho e sua esposa de que eles deveriam se casar. Além disso, mesmo na licenciosa cultura grega, a união de enteado com madrasta era algo escandaloso.
Ainda no século I, o apóstolo Paulo repreenderá a igreja de Corinto, cidade grega famosa por sua libertinagem, por permitir uma união desse tipo na comunidade argumentando que tal costume era escandaloso até mesmo entre os gregos. Seleuco reuniu seus oficiais e soldados macedônios (“o exército” diz Apiano) em Antioquia (capital selêucida) e comunicou-lhes que sobre a união de Antíoco e Estratonice bem como a necessária divisão de governo ante a vastidão do reino com Antíoco que administraria as terras orientais. Seleuco não justificou suas decisões em nenhuma tradição grega, mas na tradição persa onde louvou o princípio de que o que o rei decide é sempre certo. Seus homens aderiram entusiasticamente a sua decisão. O modelo do rei grego limitado pelas leis e costumes acabara; o modelo helenístico, que fundia a cultura grega com a autoridade oriental, consagrava como certo aquilo que os gregos sempre temiam e combateram: a tirania, isto é, o governante acima da lei.
Não obstante, o romance e os motivos familiares para tal união, o fato é que divorciando-se de Estratonice, Seleuco de certa forma enfraquecia sua aliança com seu ex-sogro, Demétrio Poliorcetes, que em 294 derrubara a dinastia antipátrida e tomara o trono da Macedônia, tornando-se mais poderoso do que possivelmente Seleuco queria. Antes disso Seleuco e Demétrio já não estavam se entendendo, discordando sobre a posse de certos territórios. Enfim, Antíoco e Estratonice se casaram (294/293 a.C.). Da união tiveram dois filhos (Seleuco e Antíoco) e três filhas (Laodice, Apame e Estratonice). O primeiro tablete babilônico datado da época de Seleuco e Antíoco (BM 109941) indica a data de 18 de novembro 294 e Estratatonice é chamada de rainha e seu nome é dado como Astartanikku, talvez um jogo de palavras com o nome de Estratonice e da deusa babilônica Astarte.
O Mathshta do Império Selêucida
Segundo a crônica babilônica (tablete BCHP 5), no 20º ano de seu reinado, Seleuco tornou Antíoco cogovernante de seu império incumbindo-lhe a administração das províncias orientais. Uma inscrição em Dídima datada de 298 já honra o filho de Seleuco. Apiano diz que Seleuco tornou Antíoco e Estratatonice reis da porção oriental. Entretanto, é provável que Seleuco estava pensando no ofício de mathishta (palavra persa que significa “o maior”), que é o equivalente aquemênida para príncipe herdeiro. Ao que parece, os reis persas aquemênidas indicavam seu sucessor nomeando-o sátrapa da Bactriana. Seleuco possivelmente estava seguindo essa tradição da política iraniana quando nomeou o seu filho Antíoco como pretendido sucessor e sátrapa da Bactriana. Durante os anos de Antíoco como príncipe herdeiro, ele desempenhou um grande papel na política e religião babilônicas como testemunham diversas crônicas babilônicas. Ele é, portanto, muitas vezes mencionado nas crônicas babilônicas : Crônica de Antíoco I e o templo de Sin (BCHP 5), Crônica Ruína de Esagila (BCHP 6), Crônica de Antíoco, Báctria e Índia (BCHP 7), Crônica do Jardim Junípero (BCHP 8), e Crônioca do Fim de Seleuco I (BCHP 9).
Moeda com a efígie de Antíoco I e a representação do deus Apolo |
O tablete babilônico BCHP 5 (Crônica de Antíoco e o Templo de Sin) testifica a posição de Antíoco I como governante do Oriente, mas sem o título de rei. Esta foi a primeira vez na tradição babilônica que um co governante foi nomeado e é claramente subordinado ao verdadeiro rei . Na história babilônica, o rei assírio Assurbanipal e o rei persa Ciro, o Grande, compartilharam o governo da Babilônia com seus filhos e esses receberam o título de reis da Babilônia juntamente com seus pais ainda reinando. No entanto, Seleuco Nicator permaneceu como o único a ter o título de rei da Babilônia, mesmo compartilhando o governo com o filho até sua morte em 281. Os babilônios designavam Antíoco com um título que foi expressamente utilizado para príncipes que tinham sido designados como sucessores: “o filho do rei da casa sucessão ", ou seja, príncipe-herdeiro.
A cidade de Babilônia, outrora capital de grandes impérios, teve grande importância para o príncipe-herdeiro Antíoco na sua administração da porção oriental do Império Selêucida. Antíoco dedicou-se a restauração do complexo religioso de Esagila (ou Esagil) na Babilônia. Esagila era o complexo do templo do deus Marduque na Babilônia, centro cultural e religioso do país, e onde era também realizado o Akitu, o festival de Ano Novo. Antíoco visita templos, realiza oferendas, ordena a remoção do pó da Esagila, atua como árbitro em conflitos. O príncipe-herdeiro envolveu-se ativamente na vida religiosa babilônica, mas sem negligenciar suas atribuições políticas. A Crônica sobre Antíoco e Sin informa que o príncipe ofereceu sacrifícios a Sin, deus babilônico da Lua, e a outros deuses, ao mesmo tempo em que remanejava soldados macedônios instalados na Babilônia para a Selêucia no Tigre, colônia greco-macedônia e capital oriental do Império (286 a.C.). A Crônica da Ruína de Esagila (tablete BCHP 6) documenta uma visita de Antíoco, chamado de dumu lugal, filho do rei, aos procedimentos de reconstrução e limpeza no templo de Marduque. Durante a visita, príncipe tropeçou sobre as ruínas de Esagila e então ofereceu em sacrifício bois e sacrifício na moda grega, a fim de afastar maus presságios. A literatura clássica registra exemplos de líderes que tropeçaram em algo e isso foi interpretado inicialmente como algo negativo que precisava revertido por orações ou uma interpretação positiva. Assim, Antíoco, mesmo ciente da importância religiosa do templo, senti que é necessário oferecer sacrifícios a fim de afastar maus presságios, demonstrando respeito aos deuses locais, porém o faz a moda grega.
O tablete babilônico BCHP 5 que traz a Crônica de Antíoco e Sin |
A dedicação de Antíoco na restauração do complexo religioso usando vagões e elefantes pode ter advindo do desconforto que esse episódio lhe causara.
O tablete BCHP 7 contém a Crônica de Antíoco, Bactria e Índia que também se refere aos trabalhos no complexo religioso de Esagila. Há referências às satrápias mais orientais do Império, Báctria e Índia, bem como a elefantes e mais uma vez aos sacrifícios à moda grega. Os gregos em contraste com os babilônios e orientais de modo geral não se prostravam diante dos deuses, orando em pé e com as mãos levantadas. Tal atitude pode ter sido vista como irreverente aos olhos orientais
A Crônica do Jardim Junípero (tablete BCHP 8) registra as ordens de um certo oficial grego aos funcionários do templo para fazerem um trabalho para Antíoco (provavelmente um serviço de cunho militar), que eles a princípio rejeitam e só após negociações concordam em trabalhar em um canal de irrigação. Esse registro demonstra que os funcionários gregos consideravam os templos da Babilônia sob o seu controle, ainda que respeitando à religião e sociedade locais.
Reconstrução moderna do complexo religioso de Esagila na Babilônia que tomou boa parte da atenção de Antíoco no seu governo no Oriente |
Antíoco e as Satrápias Orientais
Nem só da Babilônia vive a porção oriental do Império Selêucida. Como co-regente Antíoco permaneceu um tempo na Báctria, em vez de em sua residência oficial em Selêucia no Tigre ou na Babilônia, seguindo a tradição aquemênida de que o herdeiro do trono deve governar a satrápia da Báctria. Sua mãe, Apame, era da região vizinha, Sogdiana, e portanto o príncipe tinha laços familiares com a nobreza da região. a região era de grande importância comercial para o Império Selêucida. A viagem de reconhecimento feita por Pátrocles no Mar Cáspio e a expedição para além do rio Jaxartes (Syr Darya) de Demodamas foram feias sob sua corregência. Os anos que Antíoco passou no nordeste do Império envolveu a construção de defesas de fronteira que Alexandre Magno ou mesmo os Aquemênidas tinham iniciado. A fundação e refortificação de cidades parecem ter sido em resposta a invasões. Locais assim incluem Antioquia na Cítia e Antioquia Margiana, Achais, e Alexandria-Antioquia-Artacoana. Talvez invasões esporádicas por nômades e revoltas, ao invés de uma invasão cita, exigiu esforços de Antíoco na Báctria.
Querelas no Ocidente
Nem só da Babilônia vive a porção oriental do Império Selêucida. Como co-regente Antíoco permaneceu um tempo na Báctria, em vez de em sua residência oficial em Selêucia no Tigre ou na Babilônia, seguindo a tradição aquemênida de que o herdeiro do trono deve governar a satrápia da Báctria. Sua mãe, Apame, era da região vizinha, Sogdiana, e portanto o príncipe tinha laços familiares com a nobreza da região. a região era de grande importância comercial para o Império Selêucida. A viagem de reconhecimento feita por Pátrocles no Mar Cáspio e a expedição para além do rio Jaxartes (Syr Darya) de Demodamas foram feias sob sua corregência. Os anos que Antíoco passou no nordeste do Império envolveu a construção de defesas de fronteira que Alexandre Magno ou mesmo os Aquemênidas tinham iniciado. A fundação e refortificação de cidades parecem ter sido em resposta a invasões. Locais assim incluem Antioquia na Cítia e Antioquia Margiana, Achais, e Alexandria-Antioquia-Artacoana. Talvez invasões esporádicas por nômades e revoltas, ao invés de uma invasão cita, exigiu esforços de Antíoco na Báctria.
Revelo persa retratando bactrianos trazendo presentes aos reis Aquemênidas. Agora os bactrianos forneciam seus tributos aos Selêucidas. |
Querelas no Ocidente
Enquanto Antíoco administra a porção oriental no Império Selêucida, seu sogro Demétrio Poliorcetes é derrubado do trono da Macedônia (287 a.C.) pela coligação de Pirro, rei do Épiro, e Lisímaco, rei da Trácia que dividem o reino macedônio. Demétrio deixa seu filho Antígono Gônotas governando a Grécia e foge para a Ásia onde após enfrentar Seleuco em alguns embates finalmente se rende e passa a viver como um prisioneiro em Apameia da Síria desfrutando, todavia, de várias regalias. Demétrio ficou sob a guarda de Antíoco, seu genro, e de sua filha Estratonice. Parece que Seleuco pretendia restaurar Demétrio ao trono da Macedônia atribuindo o crédito de sua decisão à Antíoco. Entretanto, o Poliorcetes entregou-se a bebedeira e jogos visando amenizar seu infortúnio acabando por morrer de embriaguez em 283 a.C.
Os reinos helenísticos antes da batalha de Corupédio em 281 a.C. |
Em 283 Lisímaco, por instigação de sua segunda esposa Arsinoe, manda matar seu próprio filho, Agatocles, seu eventual sucessor e muito querido pelo povo. O gesto de Llisímaco deflagra uma onda de descontentamento e revoltas em seu reino. A viúva de Agatocles, Lisandra, filha do rei Ptolomeu I do Egito, com seus filhos, o seu irmão Ptolomeu Cerauno e seu cunhado Alexandre, outro filho de Lisímaco, fogem para junto de Seleuco, que no momento estava na Babilônia. Segundo Pausânias, eles imploraram a Seleuco que fizesse guerra a Lisímaco. O apelo por sua intervenção era tão grande que Filetero, guardião do tesouro de Lisímaco em Pérgamo colocou seus recursos à disposição de Seleuco. Seguindo o apelo popular, Seleuco invadiu os territórios de Lisímaco na Ásia Menor. Lisímaco responde a invasão cruzando o Helesponto e os exércitos inimigos se defrontam na planície de Corus, conhecida como Corupédio. Era fevereiro de 281. Lisímaco (c. 80 anos) e Seleuco (c. 77 anos) eram os únicos diádocos e oficiais de Alexandre Magno ainda vivos. As fontes disponíveis não fornecem detalhes da batalha. Certamente Seleuco usou seus elefantes e Lisímaco, a falange macedônica.
O Império Selêucida e reinos vizinhos em 281 a.C. |
Ao final do dia o exército de Lisíamco fora derrotado e ele mesmo fora morto por uma lança. Seleuco agora era também senhor da maior parte da Ásia Menor e presumível senhor da Trácia e Macedônia, onde Lismímaco fora rei. Após uma breve consolidação de seu governo na Ásia Menor, Seleuco parte para a Europa para tomar o resto dos domínios de Lisímaco, em especial a Macedônia, terra natal de Seleuco. Ainda em 281 os habitantes de Lemnos, ilha do Mar Egeu, erguem um templo em honra a seleuco e Antíoco. O poder dos Selêucidas começaa migrar para a Europa. Porém, próximo a cidade de Lisimáquia, Ptolomeu Cerauno, que fazia parte da comitiva de Seleuco e que também tinha laços de parentesco com a Macedônia, esfaqueou o rei e fugiu para a Macedônia onde conseguiu se apossar do trono. Segundo ainda Apiano, Filetero, o governante de Pérgamo, comprou o corpo de Seleuco de Cerauno por grande soma de dinheiro, queimou-o, e enviou as cinzas a seu filho Antíoco, o qual depositou-as em Selêucia Piéria, onde erigiu um templo para seu pai em terreno consagrado, ao qual ele deu o nome de Nicatoreum. Antíoco I tinha diante de si a árdua tarefa de governar e manter o império conquistado por seu pai que ia das montanhas do Hindu Kush ao Bósforo (dos atuais Afeganistão à Turquia).
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