quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

SELEUCO I NICÁTOR (312 – 281 a.C.) - PARTE II

Seleuco e a Partição de Babiônia
Quando Alexandre Magno morreu não designou sucessor nem deixou um herdeiro legítimo ao trono. Seus generais se reuniram para discutir a nova situação. Como de praxe, eles, como representantes da nação macedônia, tinham que escolher um novo rei. Os candidatos eram Arrideu, irmão bastardo de Alexandre e mentalmente incapaz, Hércules, presumível filho de Alexandre com sua amante persa Barsine e o futuro filho de Alexandre com Roxane, que ainda não nascera. Contra os filhos de Barsine e Roxane pesava o fato de serem mestiços e não macedônios puros. Um conflito explodiu entre Pérdicas, líder da cavalaria, e Meleagro, o comandante da infantaria: o primeiro queria esperar para ver se Roxane iria conceber um bebê do sexo masculino, enquanto o segundo defendia os direitos de Arrideu, que embora filho ilegítimo do rei Filipe II, era o parente vivo mais próximo de Alexandre e assim deveria ser o rei. Arrideu também contava com a vantagem de ser totalmente greco-macedônico, enquanto que o filho de Roxane da Báctria teria também ascedência iraniana. Meleagro acabou por ser morto e para evitar uma guerra civil se fez um acordo para conciliar os dois lados: Arrideu se tornaria rei com o nome de Filipe (III) e o filho de Roxane, se fosse varão, seria seu colega de trono. Em agosto nasceu o filho de Roxane e foi nomeado Alexadre (IV). Devido à incapacidade mental de Filipe  Arrideu e a menoridade de Alexandre IV, Pérdicas foi nomeado regente do Império Macedônico. Pérdicas cancelou as expedições programadas por Alexandre Magno antes de morrer e reelaborou suas disposições finais. 
Representação de Pérdicas no sarcófago de Alexandre
Os generais de cavalaria e outros militares que tinham apoiado Pérdicas foram recompensados como governadores das satrápias do Império Macedônico. É a chamada Partição de Babilônia. Crátero, um dos generais mais capazes de Alexandre, não recebeu uma satrápia, mas a função de Guardião do reino de Filipe III Arrideu e Alexandre IV. No Oriente, Pérdicas manteve os arranjos de Alexandre intactos. Esses governadores foram chamados pelos historiadores antigos de Diádocos (diadochoi, isto é, 'sucessores' em grego), pois sucederam a Alexandre Magno.
A Partição de Babilônia: a 1ª reorganização do império de Alexandre após sua morte (323 a.C.)
E Seleuco? Durante a disputa entre Pérdicas e Meleagro Seleuco se posicionara em favor de Pérdicas. Seleuco foi escolhido como hiparca, isto é, comandante da cavalaria dos hetaroi (companheiros) e nomeado quliarca, o oficial sênior do Exército Real após o regente Perdicas, líder máximo do exército. Era uma posição de honra outrora ocupada pelo célebre amigo de Alexandre Magno, Heféstion, e pleo próprio Pérdicas.  Assim o império de Alexandre se manteve unido em nome dos reis Filipe III Arrideu e Alexandre IV sob a regência de Pérdicas. Os grandes generais e aliados de Alexandre obtiveram sua parcela de poder e riqueza que seria suficiente para deixar a todos contentes e assim o maior império que o mundo já vira seguiria seu caminho pelos séculos. Mas, as ambições pessoais desses homens foram fortes o suficiente para em pouquíssimo tempo desfazerem esse arranjo e eclodirem uma era de guerras sangrentas pelas sobras do poder de Alexandre: São as famosas Guerras dos Diádocos.

A Primeira Guerra dos Diádocos (322-321 a.C.) 
Os Diádocos superaram os desafios iniciais (a Guerra Lamiaca, a Revolta dos Veteranos, a conquista da Capadócia), mas suas ambições pessoais não tardaram em interferir na unidade do império. Para fortalecer a sua posição (a mais alta do império), Pérdicas repudiou sua noiva Niceia, filha do antigo e respeitado governador da Macedônia, Antípatro, e tentou se casar com Cleópatra, a irmã de Alexandre, ligando-se assim à família real macedônica. Isso foi visto por seus antigos companheiros como uma evidência de sua intenção de ser o único senhor do império de Alexandre. Antípatro, Crátero, Antígono e Ptolomeu começaram a conspirar para derrubar o Regente. Quando Pérdicas enviou o cadáver de Alexandre para a para ser sepultado nos túmulos reais em Egas, a antiga capital da Macedônia, Ptolomeu raptou o corpo em Damasco, Síria, e levou para Alexandria no Egito. Eclode a Primeira Guerra dos Diádocos.
Ptolomeu I
Pérdicas e suas tropas seguiram para o Egito para enfrentar Ptolomeu. O ataque de Pérdicas foi um desastre, pois além da insatisfação de seus próprios homens e de derrotas nos embates, Ptolomeu aliciou para sua causa importantes “aliados” de Pérdicas: Peiton, o sátrapa da Média, e Antígenes, o comandante dos argiráspides, e Seleuco. Ambos assassinaram a Pérdicas e segundo o historiador militar Cornélio Nepos, Seleuco também participou desse assassinato. Se Seleuco não participou do assassinato, não hesitou em aderir a Ptolomeu e aos demais diádocos que tinham diante de si a reorganização do império e uma melhor destinação ao antigo hiparca de Pérdicas. Sua futura posição evidencia sua colaboração na queda de Pérdicas. 

A Partição de Triparadiso
Inicialmente, Peiton e certo Arrideu, foram nomeados os novos regentes ante a recusa de Ptolomeu. Com a morte de Pérdicas, Antípatro, antigo general e regente da Macedônia, passou a ser homem mais poderoso do império. Os adversários de Pérdicas reuniram-se com ele na cidade de Triparadiso, possivelmente na Síria, onde debateram o destino do império de Alexandre. Alguns soldados se rebelaram e planejavam assassinar seu mestre Antípatro. Seleuco e Antígono, no entanto, conseguiram evitar isso. Contornada a situação houve uma nova reorganização do império de Alexandre conhecida como a Partição de Triparadiso. Os pontos mais importantes do acordo foram:
 • Antípatro era o novo regente e guardião do jovem Alexandre IV e sua rainha-mãe Roxane, e de Filipe III Arrideu, que foram com o novo regente para a Macedônia;
• Ptolomeu permaneceria como sátrapa do Egito; 
• Peiton, um dos assassinos de Pérdicas e corregente interino, permaneceria sátrapa da Média; 
• Antigenes, também assassino de Pérdicas, de comandante dos argiráspides foi posto o novo sátrapa de Susiana; 
• Arrideu, corregente interino, foi nomeado o novo sátrapa da Frígia Helespontina; 
• Lisímaco, antigo militar, manteve-se sátrapa da Trácia; 
• Antígono Monoftalmo (o caolho) foi reconduzido como sátrapa da Panfília, Lícia e Frígia, a qual foi adicionada a Licaônia, e recebeu a missão de assumir o remanescente do exército de Pérdicas na Ásia e expulsar Eumenes de Cárdia, que permanecera fiel à causa de Pérdicas. 
 Seleuco I Nicátor
Seleuco, um dos possíveis assassinos de Pérdicas, mas certamente seu traidor, recebeu a rica província de Babilônia. Esta decisão pode ter sido ideia de Antígono. Babilônia de Seleuco estava cercada por Peucestas, o sátrapa de Persis; Antígenes de Susiana e Peiton de Média, o que poderia coibir qualquer ambição de Seleuco. A Babilônia era uma das províncias mais ricas do império, mas o seu poder militar era insignificante. É possível que Antípatro tenha divididido as províncias orientais de modo que nenhum sátrapa pudesse subir acima dos outros em poder. Mas, esses homens tinham diante de si tantas riquezas materiais e recursos humanos que sua sede de poder era constantemente estimulada e qualquer equilíbrio político era tênue demais para suas ambições.

Sátrapa da Babilônia
Após a morte de Alexandre, Arcon de Pela foi escolhido como o sátrapa da Babilônia. Pérdicas, no entanto, tinha planos para substituir Archon e nomear Docimo como seu sucessor. Durante a invasão do Egito, Pérdicas havia enviado Docimo junto com seus destacamentos para a Babilônia.Arcon enfrentou-o, mas caiu na batalha. Assim, Docimo não tinha a intenção de entregar a Babilônia para Seleuco sem luta. Não é certo como Seleuco tomou a Babilônia de Docimo, mas de acordo com uma crônica babilônica um edifício importante foi destruído na cidade durante o verão ou o inverno de 320 a.C. Outras fontes babilônicas afirmam que Seleuco chegou na Babilônia, em outubro ou novembro de 320..Apesar da presumível batalha, Docimo conseguiu escapar. Outrora os babilônios haviam se rebelado contra Arcon e apoiado Docimo. Seleuco precisa angariar fundamentos para governar a região. O sacerdócio babilônico tinha grande influência sobre a região e Seleuco conseguiu conquistar os sacerdotes com presentes e subornos monetários. Além disso a Babilônia também tinha uma população considerável de veteranos macedônios e gregos do exército de Alexandre que lhe serviram de apoio. Apesar do acordo de Triparadiso, as beligerantes ambições dos Diádocos eclodiram quando o regente Antípatro morreu em 319.
Babilônia: uma das mais antigas, ricas e importantes cidades
do mundo antigo foi a primeira capital de Seleuco

FONTES:
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/war01.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Seleucus_I_Nicator
 http://osreisdamacedonia.blogspot.com.br/2010/09/filipe-iii-arrideu-323-317-ac.html http://www.livius.org/di-dn/diadochi/war02.html
 http://www.livius.org/di-dn/diadochi/diadochi.htm
http://www.bible-history.com/babylonia/BabyloniaNebuchadnezzars_Babylon.htm

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