sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

SELEUCO I NICÁTOR (312 – 281 a.C.) - PARTE III

A Segunda Guerra dos Diádocos (319-315 a.C.) 
A morte do regente Antípatro em 319 desencadeou as ambições furiosas dos Diádocos. Antípatro nomeou como seu sucessor na regência a Poliperconte, um amigo e antigo companheiro de armas, que lutara na campanha de Alexandre. Mas, Cassandro, filho de Antípatro, recusou-se a aceitar a decisão do pai. Para enfraquecer o apoio a Cassandro, Poliperconte fez com que o inepto rei Filipe III nomeasse Eumenes, o partidário de Pérdicas, como o novo comandante dos exércitos da Macedônia na Ásia em detrimento de Antígono, que fora nomeado por Antípatro. Uma reviravolta instalava-se no frágil Império Macedônico onde os aliados passam a ser adversários e vice-versa: É a Segunda Guerra dos Diádocos. No Oriente, Peiton, o sátrapa da Média, começou a expandir seu poder nas satrápias orientais e reuniu um grande exército de talvez mais de 20.000 soldados. Porém, ele foi finalmente derrotado por Peucestas de Persis e outros sátrapas em uma batalha travada na Pártia. Peiton fugiu em direção a Média, mas seus adversários não o seguiram. Enquanto isso Eumenes e seu exército haviam chegado à Cilícia, mas tiveram que recuar quando Antígono chegou à região.
Eumenes de Cárdia com Roxane com Alexandre IV nos  braços por  Alessandro Vorotari (1588 -1649):
 o ex-secretário de Alexandre Magno lutaria até fim pelo  herdeiro do trono da Macedônia e seu império
A situação era difícil para Seleuco. A quem apoiar? Eumenes e seu exército estavam ao norte da Babilônia e Antígono o seguia com um exército ainda maior; Peiton estava na Média e seus oponentes em Susiana. Antígenes, sátrapa de Susiana, aliou-se a Eumenes. Antígenes estava na Cilícia, quando a guerra entre ele e Peiton, que se aliara a Antígono, começou. Peiton chegou à Babilônia, no outono ou no inverno de 317. Peiton tinha perdido um grande número de tropas, mas Seleuco tinha ainda menos soldados. Eumenes decidiu marchar para Susa, na primavera de 316. Os sátrapas em Susa aparentemente aceitaram as reivindicações Eumenes de sua luta em nome do legítimo regente (Poliperconte) da família real contra o usurpador Antígono. Eumenes marchou com seu exército para a Babilônia e tentaram atravessar o rio Tigre. Seleuco tinha que decidir de que lado ficar. Ele enviou dois trirremes e alguns navios menores para impedir a travessia de Eumenes. Ele também tentou aliciar seus antigos comandados constantes no exército adversário para se juntar a ele, mas isso não aconteceu. Seleuco também enviou mensagens para Antígono. Por causa de sua falta de tropas, Seleuco ão tinha como realmente enfrentar diretamente Eumenes. Ele abriu o dique do rio, mas a inundação resultante não deteve Eumenes. Na primavera de 316, Seleuco e Peiton juntam-se a Antígono, que seguia Eumenes desde Susa. Daí Antígono foi para a Média, de onde ele poderia intimidar as províncias orientais. Ele deixou Seleuco com um pequeno número de tropas para impedir Eumenes de alcançar o Mediterrâneo. Sibírcio, sátrapa da Aracósia, que inicialmente apoiara Eumenes, retirou-se para sua própria província.
As satrápias mais orientais do Império Macedonico e seus governantes, entre eles,
 Sibírcio (Sybirtius)
Os exércitos de Eumenes e seus aliados estavam em um ponto de ruptura. Antígono e Eumenes tiveram dois embates durante 316 a.C., nas batalhas de Paraitacene e Gabiene. Eumenes foi derrotado e posteriormente executado. Mas a causa pela qual Eumenes tinha lutado, a casa real da Macedônia, perdera sentido. Filipe III e sua esposa foram assassinados por Olímpia, avó de Alexandre IV. Essa por sua vez foi executada por ordem de Cassandro que mantinha como reféns a rainha-mãe Roxane e o rei-menino Alexandre IV. O regente Poliperconte só tinha o título e sofrera inúmeros reveses. De posse dos remanescentes da família real, Cassandro era de fato o novo regente, mas seu poder se limitava à Macedônia e a algumas regiões da Grécia. Os diádocos Lisímaco, Ptolomeu e Antígono governavam a Trácia, o Egito e Palestina, e o Oriente Médio respectivamente como reis de seus territórios, embora não usassem o título. Esse conflito revelou a capacidade de Seleuco para esperar o momento certo de agir e aquém se aliar.
Os territórios do Império Macedônico e seus principais governantes ao final da segunda guerra dos Diádocos


A Fuga de Seleuco
Antígono tornara-se mais poderoso, mas voltara-se para o Ocidente. Peiton, sátrapa da Média, era o mais poderoso governante da parte oriental do império e muito ambicioso. Antígono, desconfiado de Peiton, passou o inverno de 316 a.C. na Média, onde Peiton governava. Isso não foi suficiente para sufocar a antiga ambição de Peiton que tentou fazer com que uma parte das tropas Antígono se revoltasse e passasse para seu lado. Antígono, no entanto, descobriu a trama e executou Peiton. No verão daquele mesmo ano, Antígono chegou na Babilônia e foi calorosamente recebido por Seleuco com pompa, mas a relação entre os dois não tardou em se esfriar. Seleuco puniu um dos oficiais de Antígono sem pedir permissão a Antígono. Antígono ficou furioso e exigiu que Seleuco lhe desse a renda da província, o que Seleuco se recusou a fazer, já que em tese não haia subordinação hierárquica entre os dois sátrapas. Ele ficou, no entanto, com medo de Antígono e fugiu para o Egito com 50 cavaleiros. Conta-se que astrólogos caldeus profetizaram a Antígono que Seleuco se tornaria mestre da Ásia e mataria Antígono. Depois de ouvir isso, Antígono enviou soldados atrás de Seleuco, que fugira primeiro para a Mesopotâmia e depois para a Síria. Os estudiosos modernos são céticos em relação à história da profecia caldaica, pois parece que o sacerdócio da Babilônia não era mais favorável a Seleuco. Antígono depôs Blitor, o sátrapa da Mesopotâmia, por ter ajudado a Seleuco, que encontrara refúgio junto a Ptolomeu que governava independentemente no Egito. Na prática o império de Alexandre já estava desmembrado com os sátrapas mais poderosos controlando vastos territórios. O rei Alexandre IV não passava de uma criança e estava sob custódia de Cassandro, regente da Macedônia. Antígono que se tornara senhor dos territórios orientais e poderoso o suficiente para tentar restaurar a unidade do império em seu favor. Os demais Diádocos tinham motivos para temer-lhe as ambições e Seleuco, ora reduzido a exilado e subalterno de Ptolomeu, desempenhará relevante papel nos acontecimentos vindouros.

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