sábado, 25 de janeiro de 2014

SELEUCO I NICÁTOR (312 – 281 a.C.) - PARTE VIII

O Príncipe-Herdeiro
Em 294 a.C. Seleuco se divorcia de Estratonice para que ela possa se casar com seu filho Antíoco. O príncipe Antíoco apaixonara-se perdidamente por sua jovem madrasta, mas manteve seus sentimentos em oculto a ponto de adoecer. Quando, porém, o médico da corte, Erasístrato, descobriu a natureza da sua doença e a revelou ao rei, Seleuco, de bom grado, segundo o historiador Apiano, com devoção paternal exemplar, resolveu passar em sua esposa para seu filho. Em 292, Seleuco nomeia Antíoco como corregente ou vice-rei das províncias orientais, o que as fontes clássicas interpretam como Seleuco conferindo a Antíoco o título de rei dos domínios orientais de Seleuco. Mas, provavelmente, Seleuco está indicando Antíoco como seu mathishta (palavra persa que dizer “o maior”), isto é, seu seu sucessor. No antigo Império Persa Aquemênida, o filho do rei indicado como mathishta governava a satrápia da Báctria. Seleuco, que agora governava as terras do Império Persa, e já sendo de certa idade, indica aos seus súditos mesopotâmicos e iranianos quem é o seu successor.
Representação do alemão Johann Heinrich Lips (1781)  de Antíoco enfermo sendo cuidado por  Erasístrato que nota
que o príncipe melhora quando entra no recinto sua madrasta: o médico diagnosticou que o príncipe sofria de amor secreto por Estratonice
Segundo as fontes clássicas, Seleuco tão somente comunicou aos seus soldados greco-macedônios reunidos em Antioquia o casamento de Antíoco e Estratonice (era considerado escandaloso a união entre enteado e madrasta) e o governo de Antíoco sobre as satrápias orientais. Seleuco não era mais um general a decider junto com seus companheiros de armas as estratégias para a próxima batalha; ele era um rei de origem grega, mas que governava no estilo oriental onde o decreto real era justo e direito só por ser decreto real. Segundo Apiano, Seleuco teria encerrado o discurso a seus homens dizendo que um dos melhores princípios dos povos iranianos é que “tudo o que um rei ordena é sempre certo". A reação de seus homens? Aclamaram-no como o melhor rei e pai dos que sucederam a Alexandre Magno. O Império Selêucida, iniciado há 20 anos em meio a combates e de futuro incerto, estava bem consolidado. O compartilhamento do governo de um vasto território com um filho leal foi uma medida de sabedoria para garantir a unidade do Império após a morte de Seleuco.
Moeda do reinado de Seleuco I cunhada em c. de 294 a.C. em Selêucia do Tigre trazendo a efígie de Zeus e
a representação da deusa Atena Promacos("a que guerreira na frente") conduzindo quatro elefantes: em suas
moedas Seleuco demonstra e propaga a crença de que seu reino foi divinamente estabelecido

O Problema Demétrio 
Cassandro, rei da Macedônia, morrera em 298. Seu sucessor Filipe IV governou brevemente e morreu. Seus outros filhos, Alexandre V e Antípatro disputavam o trono o que deu ensejo a Demétrio que intervisse em 294 e se tornasse o novo rei da Macedônia. Apesar desse sucesso, as relações de Demétrio e seu antigo e poderoso genro estavam deterioradas. Antes de partir para a Grécia, Demétrio recusara vender a Cilícia para Seleuco bem como retirar suas guarnições de Tiro e Sidon, mesmo que tivesse que enfrentar outras “batalhas de Ipso”. Demétrio parece ter entendido as propostas de Seleuco como se o tratasse como um mero mercenário. Independente do romance entre Antíoco e Estratonice, a separação de Seleuco da filha de Demétrio caiu-lhe bem, pois rompia os vínculos de aliança com seu sogro. Em 294 Seleuco invadiu e conquistou a Cilícia. Os reis Ptolomeu do Egito, Lisímaco da Trácia e Pirro do Épiro passaram a atacar Demétrio cujo caráter beligerante representava uma ameaça para todos. 
Os reinos helenísticos em 289 a.C.
Em 287 Demétrio é expulso da Macedônia por Pirro e Lisímaco que dividem o reino entre si. Em 286 ele volta à Ásia e invade a Cilícia de Seleuco. No entanto, Demétrio não devastara a Cilícia e confiando na benevolência de seu antigo genro escreve a Seleuco solicitando ajuda. Seleuco ordena a seus generais na região que supram as necessidades de Demétrio e seus homens. Porém, a presença do beligerante Demétrio Poliorcetes (“o assediador de cidades”) na Cilícia poderia ameaçar a corte selêucida na Síria. Pátrocles, conselheiro do rei, alertou Seleuco do perigo que um homem com as habilidades e ambições de Demétrio representava. Anuindo ao conselho de Pátrocles, Seleuco reúne um exército e marcha pessoalmente para a Cilícia. Tal movimento alarmou Demétrio que fugiu para as cordilheiras do Taurus e buscou negociar com Seleuco a manutenção de um pequeno reino entre os bárbaros e não ser entregue a seus inimigos. Seleuco disse que em troca de reféns, Demétrio poderia passar algum tempo na Cataônia. Demétrio estava cercado por todos os lados. Lisímaco, cujas forças também encurralavam Demétrio, ofereceu ajuda a Seleuco. Mas, esse tinha dúvidas se deveria temer mais a Lisímaco em seus territórios do que a Demétrio e recusou a oferta. 
moeda do reinado de Seleuco I cunha em local incerto entre 290 e 281 trazendo as imagens de um cavalo com chifres,
provavelmente Bucéfalo, o célebre cavalo de Alexandre Magno, e uma âncora símbolo do Império Selêucida:
Seleuco unia assim um dos símbolos do grande rei macedônio ao símbolo de seu império
Acossado por todos os lados, Demétrio resolve partir para a Síria e enfrentar Seleuco. Não obstante o ânimo renovado de seus guerreiros, Demétrio adoeceu gravemente (já tinha cerca de 50 anos vividos sob guerras e extravagâncias). Alguns de seus soldados se dispersaram e outros desertaram para Seleuco. Mas, o Poliorcetes recuperou-se e deixou a Cicília saqueando a região de Cirréstica. Por fim os dois exércitos se enfrentaram. Apesar de sua tenacidade, a moral de Demétrio junto a seus homens já estava abalada (como acontecera na perda do trono da Macedônia). Seleuco, sem capacete, apenas com um escudo leve para proteger-lhe a cabeça, e valendo-se do respeito que os macedônios tinham pelos antigos generais de Alexandre Magno, convidou os soldados de Demétrio a desertar e passar para seu lado. Um grande número de soldados desertou e aclamou Seleuco como seu rei. Demétrio, com um punhado de seguidores, fugiu tentando alcançar o porto de Calnus. Mas, teve que se refugira nas matas da região. Dadas as dificuldades em prosseguir até o litoral, foi sugerido que Demétrio que se rendesse a Seleuco. Demétrio, indignado, desembainhou a espada e ia suicidar-se, mas foi detido por seus amigos que o convenceram a entregar-se a Seleuco. O rei, demonstrando benevolência, enviou um conhecido de Demétrio, Apolonides, para trazê-lo enquanto preparava um pavilhão régio para recepcionar seu antigo sogro que viveria em Antioquia com um nobre cortesão.
Moeda de Seleuco I cunhada em Sardes entre 312 e 281 a.C. trazendo a efígie de Medusa
(símbolo de proteção) e a representação de um touro atacando (símbolo de força)
Porém, o entusiasmo que os cortesões selêucidas demonstraram em ter Demétrio na corte alarmaram Seleuco. Apesar de tudo, Demétrio ainda era uma celebridade do Mundo Antigo: filho do rei Antígono Monoftalmo, além de guerreiro experiente, era amante de festividades; de personalidade carismática, era autor de várias façanhas e sobrevivente de inúmeros infortúnios. Não tardou que aqueles que viam em Demétrio uma séria ameaça instigassem Seleuco, já alarmado, a mudar suas disposições iniciais. Quando Demétrio chegou, uma guarda o cercou e sem ao menos ver Seleuco, o levou para uma lugar chamado Quersoneso Sírio, uma curva do rio Orontes, próximo da cidade de Apameia da Síria. Porém, foi tratado com inúmeros privilégios e regalias e não obstante às promessas de liberdade de Seleuco, Demétrio não passava de um prisioneiro de luxo. Pensa-se que Seleuco conservava Demétrio como uma espécie de arma que poderia usar contra seus inimigos quando necessário. Antígono II Gônotas, filho de Demétrio e governante da Grécia, e outros líderes helenísticos solicitaram a Seleuco a libertação de Demétrio; Lisímaco, porém, prometeu dinheiro a Seleuco se esse o matasse, o que não foi aceito. Seleuco disse que além de um ato de má-fé seria um ato vil contra um próprio familiar (afinal de contas, Seleuco fora genro de Demétrio que agora era sogro de Antíoco). Demétrio ficou sob a guarda de Antíoco, filho de Seleuco, e de sua filha Estratonice. Parece que Seleuco pretendia restaurar Demétrio ao trono da Macedônia atribuindo o crédito de sua decisão à Antíoco. Entretanto, o Poliorcetes entregou-se a bebedeira e jogos visando amenizar seu infortúnio acabando por morrer de embriaguez em 283 a.C.
Demétrio I Poliorcetes: após lutar contra todos, foi vencido por si mesmo/


Intrigas Palacianas
A descendência real de Cassandro fora eliminada em 294 e Antígono II Gônotas, neto de Antígono I Monoftalmo, lutava na Grécia para manter alguma posição de liderança no que sobrara do reino de seu pai Demétrio Poliorcetes. Dos oficiais de Alexandre Magno, apenas Seleuco, Ptolomeu e Lisímaco estavam vivos. Todos septuagenários, mas reis  fortes e ainda ambiciosos o suficientes para aproveitar oportunidades de ampliar seus domínios. Essa oportunidade veio a Seleuco com as intrigas na corte de Lisímaco. Agátocles, primogênito de Lisímaco com Niceia, filha de Antípatro, estava destinado a ser o sucessor de seu pai e era popular entre seus súditos além de hábil guerreiro. Arsínoe, a atual esposa de Lisímaco, e filha de Ptolomeu I, entretanto, queria garantir a sucessão no trono para seus filhos (Ptolomeu, Filipe e Lisímaco Júnior). Assim, Arsínoe envenenou a mente do rei envelhecido contra seu filho, acusando-o de tramar contra Lisímaco. Pressionado pelas constantes acusações e pela crescente popularidade de Agátocles, Lisímaco jogou-o na prisão e ordenou que ele fosse morto sob a acusação de que estava tramando contra o rei. A morte de Agátocles foi um golpe terrível no reinado de Lisímaco.
Lisímaco: um dos últimos companheiros vivos de Alexandre
Magno  governava a Macedônia, a Trácia e grande parte da Ásia
 Menor em 282 a.C.
Por assassinar seu filho, Lisímaco ganhou o ódio de seus súditos, dos quais muitos suportavam seu governo esperando ver dias melhores com Agátocles no trono. Muitas cidades-Estado da Ásia eclodiram em franca revolta; Lisandra, viúva de Agátocles, também filha de Ptolomeu I, refugia-se com Seleuco junto com seu irmão Ptolomeu Cerauno (primogênito de Ptolomeu I que fora retirado da linha de sucessão em favor de Ptolomeu II). Alexandre, outro filho de Lisímaco, também adere à revolta e vai para a corte de Seleuco.Nessa época Seleuco estava na Babilônia, onde recebeu os refugiados. O fiel eunuco de Lisímaco, Filetero, a quem ele tinha confiado a guarda do tesouro em Pérgamo, renunciou à sua lealdade, aderiu à causa de Lisandra e comunicou a um arauto de Seleuco que os tesouros de Pérgamo estavam à disposição do rei da Ásia. Muitos homens do próprio exército de Lisímaco estavam insatisfeitos e rumaram em direção à Síria. Lisandra e Ptolomeu Cerauno pediram o auxílio a Seleuco para vindicar seus direitos na Trácia e no Egito. Centenas de vozes se levantam para pedir ao rei Seleuco que lute contra Lisímaco como um salvador que combate um tirano.
Filetero, tesoureiro de Lisímaco: ele colocaria o tesouro de Pérmano
nas mãos de Seleuco. Posteriormente, manteve Pérgamo independente dos Selêucidas
Não obstante a idade já avançada de Seleuco, era uma oportunidade de se intervir em seu próprio proveito na política da Trácia e do Egito. Na Trácia ele poderia colocar um filho de Lisandra e Agátocles no trono e bem como poderia colocar Ptolomeu Cerauno no trono egípcio influenciando de alguma forma os dois reinos. Não obstante, se fosse muito bem sucedido, o próprio Seleuco poderia incorporar esses reinos ao seu já vasto império. Realizaria Seleuco o sonho de Antígono Monoftalmo de governar sozinho o que sobrara do império de Alexandre? Ainda na Babilônia Seleuco começou a reunir um exército para enfrentar seu novo adversário. 
Moeda comemorativa cunhada por Filitero, governante de Pérgamo, em torno de 280-269,
 com a inscrição "[do] rei Seleuco" e as representações de Héracles e Zeus


A Última Batalha dos Diádocos
Lisímaco se preparou para enfrentar Seleuco renovando sua aliança com o Egito pelo casamento de sua filha Arsínoe I com o rei Ptolomeu II Filadelfo. Mas, não há registro de nenhum apoio egípcio a Lisímaco no confronto que se seguiu. Seguindo o apelo popular, Seleuco invadiu os territórios de Lisímaco na Ásia Menor. Teodoto, aliado de Lisímaco que se voltara para Seleuco, tomou Sardes e Alexandre, filho de Lisímaco, tomou Cotyaium, ambas na Frígia. Segundo Jonas Lendering, Seleuco parecia reivindicar terras que pertenceram ao Império Persa, do qual era agora o sucessor. Lisímaco responde a invasão cruzando o Helesponto e os exércitos inimigos se defrontam na planície de Corus, conhecida como Corupédio. Era fevereiro de 281. Ptolomeu I morrera em 282. Lisímaco (c. 80 anos) e Seleuco (c. 77 anos) eram os únicos diádocos e oficiais de Alexandre Magno ainda vivos. As fontes disponíveis não fornecem detalhes da batalha. Certamente Seleuco usou seus elefantes e Lisímaco, a falange macedônica. Ao final do dia o exército de Lisíamco fora derrotado. O próprio Lisímaco morreu, atingido por uma lança arremessada por certo Malacon de Heracleia, que lutava por Seleuco. Lisandra solicitou a Seleuco que deixasse o corpo do velho rei insepulto, mas Seleuco o entregou a Alexandre, filho de Lisímaco, que o sepultou perto de Lisimáquia. Seleuco agora era também senhor de toda a Ásia Menor e presumível senhor da Trácia e Macedônia, onde Lismímaco fora rei. Mas, antes de tomar posse de qualquer território na Europa o rei da Ásia deveria administrar suas conquistas recentes.
Os reinos helenísticos antes da batalha de Corupédio

Administrando a Ásia Menor 
Antes de passar a Europa, Seleuco tentou lidar com a administração da Ásia Menor. A região era etnicamente diversa, composta por cidades gregas, uma aristocracia persa remanescente e vários povos nativos. Havia muitas guarnições de Lisímaco ainda na Ásia. Mas, a notícia da vitória de Seleuco em Corupédio foi suficiente para abafar rebeliões. Em Éfeso, onde estava a esposa de Lisímaco, a rainha Arsínoe, a população entrou em alvoroço e logo procurou mostrar fidelidade ao novo rei. Arsínoe só conseguiu escapar da cidade por que se disfarçou. Mas algumas regiões não se submeterem. Seleuco tentou submeter a Capadócia, que era semi-independente, mas não conseguiu. Filetero, o antigo tesoureiro de Lisímaco, governava a cidade de Pérgamo de forma independente. Por outro lado, Seleuco aparentemente fundou uma série de novas cidades na Ásia Menor para implementar seu governo. Poucas das cartas de Seleuco enviadas para diferentes cidades e templos ainda existem. Todas as cidades da Ásia Menor enviaram embaixadas ao seu novo governante . É relatado que Seleuco reclamou sobre o grande número de cartas que recebeu e foi forçado a ler. Ele era aparentemente um governante popular. Na cidade de Lemnos ele foi celebrado como um libertador e um templo foi construído para homenageá-lo. De acordo com um costume local, Seleuco foi sempre ofereceu um copo extra de vinho durante o jantar. Seu título durante este período foi Seleuco Sóter (" libertador, salvador" ). 
Representação de Seleuco jovem: ao vencer Lisímaco,
o rei da Ásia tinha quase 80 anos
Mas o rei da Ásia não era nenhum garoto e precisava consolidar seus domínios na Europa. Os descendentes de Lisímaco que poderiam reivindicar o trono do pai na Trácia e Macedônia não tinham a força e a popularidade de Seleuco, agora o único sucessor de Alexandre Magno vivo. Seleuco já fora declarado cidadão honorário de Atenas e possivelmente após consolidar seu domínio na Macedônia e Trácia, o rei-general se voltaria para a Grécia como seu libertador de Antígono II Gônotas, que governava a região. Mas o velho rei tinha que agir logo antes que sua estadia na Ásia despertasse novas ambições e problemas. Seleuco ainda tinha em sua comitiva Ptolomeu Cerauno, filho primogênito de Ptolomeu I, em nome do qual ainda poderia intervir no Egito. Estaria Seleuco destinado a reconstruir o império de Alexandre Magno? Ou o velho soldado queria voltar a sua terra natal e terminar seus dias como rei da Macedônia deixando o império asiático para seu filho? De qualquer maneira Seleuco, ansioso para ver sua terra natal, parte para a Europa sem completar a organização de seus domínios na Ásia. 
Moeda de Seleuco com a efígie de Atena cunhada na Babilônia com a inscrição: "[do] rei Alexandre"
Estaria Seleuco Nicátor destinado a governar o império conquistado por Alexandre Magno. 

O Último Diádoco 
No verão de 281 Seleuco cruza o Helesponto e desembarca no Quersoneso Trácio. Parte do exército o acompanhou, inclusive Ptolomeu Cerauno, e rumaram em direção a Lisimáquia. Seleuco acolhera Cerauno em seu infortúnio em atenção a seu pai, seu antigo amigo e aliado, e andava com ele em todos os lugares que ia. Próximo à cidade havia um monumento ligado à mitologia dos Argonautas, lendários desbravadores gregos do Mar Negro. Seleuco e Ptolomeu com uma pequena comitiva foram em direção ao local. Enquanto Seleuco observava o monumento e ouvia as histórias relacionadas a ele, Ptolomeu rapidamente esfaqueou Seleuco, tomou-lhe o diadema e montou em um cavalo e rumou para Lisimáquia. Dizem que o apelido de Cerauno (em grego keraunós, raio, relâmpago) se deve a rapidez com que matou o rei e fugiu. Segundo Pausânias, Ptolomeu também era chamado de keraunós devido ao seu caráter aventureiro. Percebendo que Seleuco não pretendia lhe restaurar o trono do Egito (conforme o havia prometido segundo um fragmento de texto atribuído ao historiador Memnon de Heracleia) só lhe restava governar o que sobrara do reino de Lisímaco onde já fora cortesão e era irmão da rainha. Ptolomeu Cerauno também era neto do velho regente Antípatro e sobrinho do rei Cassandro. A Macedônia, ora sem rei e há alguns anos sem estabilidade política, estava mais perto das ambições de Cerauno do que o distante Egito. Apesar da traição de Ptolomeu, esteve obteve o apoio do exército estacionado em Lisimáquia. Possivelmente, oficiais de Seleuco já estavam conspirando com Cerauno, que partiu com o exército para a Macedônia e se torna o novo rei. Segundo Apiano, Seleuco tinha grande curiosidade sobre locais ligados à palavra “Argos” devido a um oráculo em que ele encontraria seu fim, antes da hora, num lugar desses. A quem pense que a morte por traição de Seleuco foi uma vindicação do Destino de sua participação no assassinato de Pérdicas. Porém essa participação não é claramente confirmada pelas fontes disponíveis. 
Tablete babilônico (BCHP 9) que menciona a morte de Seleuco I Nicátor: o texto acádico cuneiforme é conhecido
como a "Crônica do Fim de Seleuco", pois descreve os últimos dias do seu reinado
Segundo ainda Apiano, Filetero, o príncipe de Pérgamo, comprou o corpo de Seleuco de Cerauno por grande soma de dinheiro, queimou-o, e enviou as cinzas a seu filho Antíoco, o qual depositou-as em Selêucia Piéria, onde erigiu um templo para seu pai em terreno consagrado, ao qual ele deu o nome de Nicatoreum. Uma fonte babilônica indica que Seleuco morreu entre de agosto a de setembro de 281. Antíoco I, o novo rei da Ásia, começou a propagar um culto em torno de seu pai bem como de sua origem relacionada ao deus Apolo. Religiosidade política à parte, Antíoco I tinha diante de si a árdua tarefa de governar e manter o império conquistado por seu pai que ia das montanhas do Hindu Kush ao Bósforo (dos atuais Afeganistão à Turquia). Inesperadamente é uma palavra que pode qualificar a trajetória de Seleuco. Após a morte de Alexandre Magno (323 a.C.) recebera tão somente uma função militar (hiparca), inesperadamente torna-se sátrapa da rica Babilônia (320) a qual perde, mas a reconquista e amplia (312) tornando-se rei (306) da porção oriental do Império Macedônico. Em 301 define em Ipso a vitória dos diádocos contra Antígono Monoftalmo que pretendia governar todo Império Macedônico. Em 282, quando aparentemente nada mais havia para conquistar, a crise doméstica na casa de Lisímaco bate a sua porta e lhe oferece a oportunidade de conquistar a Ásia Menor e quem sabe o Egito, a Trácia e sua querida terra natal, a Macedônia. Assim como um relâmpago veio essa oportunidade, como um relâmpago lhe foi tomada pelo seu assassinato. Seleuco Nicátor, o conquistador do Oriente, o vencedor dos Diádocos, tombava não pela guerra, mas pela traição, que não leva em consideração fracos ou poderosos para agir e sempre foi o grande e letal inimigo daqueles que marcaram a História.
Moeda de Seleuco com um boi atacando (símbolo de força invencível) e a efígie do deus Apolo, de quem Seleuco
era devoto. Após sua morte seus descendentes propagaram o mito de que Seleuco era filho de Apolo


FONTES:
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Diodorus_Siculus/20C*.html#note19 http://www.livius.org/man-md/mathishta/mathishta.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Chersonese
http://osreisdamacedonia.blogspot.com.br/2010/10/demetrio-i-poliorcetes-294-288-ac-parte.htm.l http://www.livius.org/cg-cm/chronicles/bchp-end_seleucus/seleucus_02.html http://www.cristoraul.com/ENGLISH/readinghall/GalleryofHistory/House-of-Seleucus/Chapter-6-FROM-IPSUS-TO-THE-DEATH-OF-SELEUCUS.html
http://www.art-in-duesseldorf.de/archive/archiv_der_kunstakademie_dsseldorf.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Atena_Promacos
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