sábado, 12 de setembro de 2015

ANTÍOCO III, O GRANDE (223 – 187 a.C.) - PARTE II

O Sucesso de Molon e Alexandre
Usando da esperança de espólios e do medo das consequências da derrota, Molon preparou seus homens para enfrentar a investida de Antíoco III. Garantindo por meio de subornos o apoio dos governadores das satrápias vizinhas, Molon e Alexandre marcharam com um grande exército para enfrentar os generais do Rei. Xenon e Teodoto, vendo a grande força bélica dos rebeldes, se refugiaram nas cidades. Molon se apoderou da região de Apolônia e praticamente se tornou senhor de toda a Média e de seus abundantes recursos. Com os generais do Rei acuados e com um exército grande e entusiasmado, Molon passou a ser mais temido aos olhos dos habitantes da Ásia (Oriente Médio). ContanDo com essa aura de sucesso, Molon se preparou para a travessar o rio Tigre e tomar a cidade de Selêucia, mas sua travessia foi impedida por um estratagema de Zêuxis, general selêucida local, que se apoderou de todos os barcos para a travessia. Molon, então, fez acampamento em Ctesifonte onde preparou seu exército para ali permanecer durante o inverno. Ao ouvir do sucesso de Molon e que seus próprios generais se retiraram, Antíoco III se prontificou a abandonar a campanha contra Ptolomeu IV e entrar em campo contra Molon o mais rápido possível. Entretanto, Hermeias, defendendo seu projeto original, alegou que não era função dos reis se envolverem diretamente nas guerras, mas sim de seus generais; aos reis cabem o planejamento e o comando de batalhas decisivas, dissertava o ministro. O jovem rei, não resistindo a influência de Hermeias, nomeou um novo general, Xenoetas, o Aqueu, que recebeu o comando supremo do exército selêucida no Oriente e foi enviado para acabar com a rebelião de Molon. Assim o Império Selêucida se viu em duas frentes de batalha: contra o Egito e contra a rebelião de Molon.

Moeda com a efígie de Antíoco III proveniente de Ecbátana, capital da Média

A Campanha de Xenoetas (221 a.C.)
Xenoetas envaidecido de sua alta posição (apesar de não ter até aqui obtido êxito algum), começou a tratar seus amigos com desdém e se sentir muito confiante de seus planos para a campanha. Em Selêucia do Tigre, encontrou Zêuxis e a eles se juntaram Diógenes, o governador de Susiana, e Pitíades, o governador da costa do Golfo Pérsico. Xenoetas acampou em frente ao inimigo na margem oposta do Tigre. Apesar das ações de Molon para romper os laços de lealdade que os greco-macedônios tinham com Antíoco III, o prestígio dos Selêucidas ainda era forte entre os soldados. Numerosos homens desertaram de Molon, e atravessando o rio, se juntaram às forças de Xenoetas. Esses desertores informaram que o exército de Molon estaria disposto aderir à causa do rei caso Xenoetas atravessasse o rio. Empolgado Xenoetas, selecionou do seu exército os mais corajosos da infantaria e da cavalaria, deixando Zêuxis e Pitíades encarregados do acampamento. Com sua força selecionada, atravessou o rio à noite abaixo do acampamento de Molon. Aí, ainda de noite, montaram acampamento num terreno bem protegido por pântanos.
Área pantanosa do rio Tigre (Iraque)
Quando Molon ficou sabendo do que tinha acontecido, enviou sua cavalaria para destruir o acampamento e impedir a chegada de mais homens. Porém, a cavalaria ficou atolada na região pantanosa, e mesmo sem sofrer um ataque de Xenoetas, alguns homens de Molon pereceram nos pântanos perto do acampamento inimigo. Xenoetas, totalmente confiante de que as tropas de Molon o abandonariam, avançou e acampou perto do acampamento de Molon. Quer tenha sido por um estratagema militar ou por falta de confiança em seus homens, Molon marchou durante a noite apressadamente na direção da Média deixando a bagagem em seu acampamento. Xenoetas, vendo que Molon tinha fugido, ocupou o acampamento adversário e fez com que Zêuxis se juntassem a ele trazendo consigo sua bagagem e cavalaria. Xenoetas, sempre confiante, congratulou-se com seus homens e os autorizou a se divertir. Com as provisões deixadas por Molon e as trazidas por Zêuxis, os soldados se entregaram à bebedeira negligenciando a vigilância do acampamento. Molon, entretanto, não estava longe, e retornou ao acampamento de madrugada onde encontrou o exército inimigo embriagado e disperso. Em vão Xenoetas tentou despertar seus homens. Desesperado, o general se lançou loucamente contra o exército inimigo e acabou morrendo no confronto. A maioria dos soldados foram mortos dormindo em suas camas, enquanto o resto se jogou no rio e tentou atravessar para o acampamento para a margem oposta; a maior parte deles também perdeu suas vidas. Segundo o historiador clássico Políbio, os soldados selêucidas vendo o acampamento original na outra margem, no desespero de se salvarem bem como aos cavalos e seus pertences tentaram atravessar o rio sendo, todavia, arrastados pela correnteza. O rio se tornou um espetáculo assombroso onde corpos de homens e de animais e equipamentos de guerra e bagagens boiavam numa confusão terrível. Molon tomou posse do acampamento de Xenoetas e depois atravessou o rio e tomou o acampamento de Zêuxis. Esse já havia se retirado para Selêucia do Tigre. Em seguida Molon avançou contra a cidade e a conquistou. Zêuxis e Diomedon, o governador da cidade, também a abandonaram. Molon e seus homens tomaram a Babilônia e a também a Susa, com exceção da cidadela, onde o general Diógenes lhe oferecia resistência. Deixando uma tropa para continuar a conquista de Susa, Molon retornou a Selêucia do Tigre, reorganizou suas tropas e conquistou as regiões da Mesopotâmia e da Parapotâmia, incluindo a importante cidadela de Dura-Europos.
File:Dura Europos, Euphrates (6362405375).jpg
Ruínas da fortaleza de Dura-Europos às margens do rio Eufrates (Síria)

A Campanha na Cele-Síria (221 a.C.)
Enquanto esses eventos se desenrolam no Oriente, Antíoco III continuou sua campanha na Síra. O Rei havia preparado suas forças em Apamea, Síria, e partindo para a Cele-Síria, passando por Laodiceia, com todo o seu exército e atravessou o deserto, entrando no desfiladeiro de Mársias, que fica entre as cadeias do Líbano e Antilíbano. Depois de marchar através do desfiladeiro durante vários dias e conquistando as cidades na sua vizinhança, Antíoco chegou a Gerrha. Nessa região, Teodoto, o Etólio, que era o governador da Cele-Síria em nome de Ptolomeu IV, ocupava as cidades de Gerrha e Brochi. Ele fortificou a passagem e dispôs suas tropas em locais adequados para resistir ao exército selêucida. Antíoco forçou a passagem, mas perdeu mais homens que seu oponente. Teodoto, posicionado estrategicamente, permanecia irredutível. Tendo já desistido de avançar pelo desfiladeiro, chegou a Antíoco a notícia de que Xenoetas tinha sofrido uma derrota total e que Molon estava na posse de todas as províncias superiores; o rei abandou essa expedição e apressou-se a voltar para defender seus domínios no Oriente. Teodoto, que detivera bravamente o avanço selêucida, foi para a corte de Alexandria, onde em vez de ser recompensado, sofreu com intrigas palacianas.

REFERÊNCIAS
https://en.wikipedia.org/wiki/Tigris%E2%80%93Euphrates_river_system
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Polybius/5*.html#40
http://www.cristoraul.com/ENGLISH/readinghall/GalleryofHistory/House-of-Seleucus/Chapter-15-FIRST-YEARS-OF-ANTIOCHUS-III.html
http://www.livius.org/am-ao/antiochus/antiochus_iii.html
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/51/Dura_Europos,_Euphrates_(6362405375).jpg

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